Técnica cria cenários adequados para a sobrevivência de organismos aquáticos em trechos afetados pela passagem de rejeitos.
Um projeto piloto de revitalização está contribuindo ativamente para o reestabelecimento da vida aquática do rio Gualaxo do Norte – um dos principais afluentes do rio Doce, que abrange os municípios de Mariana, Ouro Preto e Barra Longa (MG). Em desenvolvimento desde maio de 2019, o processo chamadode renaturalização, pioneiro no Brasil, tem como objetivo recriar características e processos ecológicos naturais em trechos afetados pela passagem de rejeitos.
Para fazer isso acontecer, biólogos e ecólogos da empresa Aplysia, contratada da Fundação Renova, fazem as instalações das estruturas necessárias para o processo, por meio da inserção de árvores e troncos de madeira às margens do rio. Esses troncos de madeira ajudam a frear o fluxo das águas, criando pequenas porções de água estagnada chamadas remansos, a fim de proporcionar a variedade de ambientes para a sobrevivência de organismos como os peixes, que preferem locais mais calmos para fecundação e alimentação.
Com o andamento da ação, a realidade atual de alguns trechos, aos poucos, tem se transformado. “É um processo extremamente importante. Renaturalizar significa voltar ao natural, em outras palavras. E é justamente isso que estamos fazendo com trechos do Gualaxo: trazendo de volta à vida, buscando aquela heterogeneidade aquática que tinha nas águas antes do rompimento da barragem de Fundão”, diz a líder do Programa de Manejo de Rejeitos e de Monitoramento Hídrico, Juliana Bedoya.
Ao todo, o projeto revitalizou, até agora, uma área de aproximadamente 1.800 metros, com a fixação de 79 árvores, 103 troncos submersos e 23 feixes de capim no decorrer do rio. “Já estamos concluindo essa primeira fase, que é piloto. Agora, vamos analisar esses resultados obtidos nos trechos inspecionados e verificar se o objetivo foi cumprido. A partir dessa avaliação, daremos início à segunda fase do projeto, contemplando outros trechos do Gualaxo”, afirma Juliana Bedoya. O projeto de renaturalização faz parte do Programa de Manejo de Rejeitos da Fundação Renova.