Ela é antiga, tipicamente brasileira e, mesmo assim, ainda pouco falada. A doença de Chagas, transmitida principalmente pelo inseto conhecido como “barbeiro”, foi classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das 17 doenças tropicais negligenciadas e continua presente em diversas regiões do Brasil, inclusive em áreas urbanas mal estruturadas.
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, a doença afeta pelo menos 1 milhão de pessoas e resulta em mais de 4 mil mortes por ano. Por isso, a pergunta “Como prevenir a doença de Chagas?” não só é atual, como essencial para a saúde pública.
O que é a doença de Chagas e como ela é transmitida
A doença de Chagas é uma infecção parasitária crônica causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. O principal vetor é o barbeiro, um inseto que costuma se alojar em frestas de casas de barro, madeira ou palha, principalmente em áreas rurais.
Formas de transmissão da doença de Chagas: pela picada do barbeiro, que elimina fezes com o parasita na pele (o risco aumenta quando coçamos o local da picada); por alimentos contaminados com o parasita (ex: verduras mal higienizadas); durante a gravidez ou parto (transmissão vertical); via transfusão de sangue ou transplante de órgãos contaminados (raro hoje, devido ao controle).
Como a doença de Chagas age no corpo
O parasita pode circular no sangue por semanas antes de desaparecer da corrente sanguínea, mas isso não significa que ele foi eliminado. Ele permanece no organismo e pode afetar o coração, o sistema digestivo e o sistema nervoso ao longo dos anos.
A doença tem duas fases:
Fase aguda (primeiras semanas) em geral, assintomática ou com sintomas leves, parecidos com uma gripe; alguns casos apresentam febre, inchaço no rosto ou nos olhos (sinal de Romaña), mal-estar e aumento do fígado ou baço; dura de 4 a 8 semanas e pode passar despercebida.
Fase crônica
Pode surgir anos depois da infecção; cerca de 30% dos infectados desenvolvem problemas cardíacos graves, como arritmias e insuficiência cardíaca; outros apresentam distúrbios digestivos, como megaesôfago e megacólon; a evolução silenciosa torna o diagnóstico precoce fundamental.
Principais sintomas da doença de Chagas
Na fase crônica, os sinais mais comuns incluem: cansaço frequente mesmo com pouco esforço; palpitações ou dor no peito; inchaço nas pernas ou abdômen; constipação (prisão de ventre) grave ou dificuldade de engolir; desmaios ou tonturas.
Se você vive ou viveu em áreas de risco e apresenta esses sintomas, procure avaliação médica o quanto antes.
Doença de Chagas como prevenir: hábitos que reduzem os riscos. A prevenção começa evitando o contato com o inseto transmissor e adotando hábitos de higiene e conservação dos ambientes. Veja algumas orientações:
Cuidados com o ambiente
Evite frestas em paredes, telhados ou janelas, principalmente em casas rurais; utilize telas de proteção, cortinas e mosquiteiros nas janelas; mantenha a casa e os arredores sempre limpos, sem acúmulo de entulho ou madeira; faça manutenção frequente em casas antigas ou de taipa.
Higiene de alimentos
Lave bem frutas e legumes; evite produtos sem procedência confiável em áreas rurais ou de mata; use água potável ou fervida para preparo de alimentos.
Outras formas de prevenção
Gestantes devem fazer testes de Chagas no pré-natal, se houver histórico de risco; campanhas de vigilância e controle vetorial devem ser incentivadas e notificadas às autoridades de saúde.
Quando procurar um médico
É importante procurar um médico se: você teve contato com o barbeiro ou com alimentos potencialmente contaminados; apresenta sintomas gripais atípicos, com histórico de exposição em áreas de risco; teve casos de doença de Chagas na família; já foi diagnosticado no passado, mas nunca tratou.
O tratamento geralmente é feito com medicamentos específicos como o benznidazol, que tem maior eficácia na fase aguda da infecção. Porém, é importante consultar um médico para ter certeza de qual medicação é a mais adequada.
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