Fábrica de alumínio de Ouro Preto deve encerrar suas atividades em dezembro, desativando 350 postos de trabalho.
"A decisão é dura, difícil e grave. Nós entendemos a importância da empresa para a história do município, mas é uma decisão irreversível, fruto de uma crise que não é exclusiva da Novelis”, afirmou o assessor da diretoria da empresa, Ricardo Carneiro. Ele participou de audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quarta-feira (5/11/14), em Ouro Preto (Região Central), para debater o fechamento da unidade local de alumínio primário. Instalada desde a década de 1950 na cidade, a decisão da empresa de encerrar suas atividades até dezembro desse ano representará o fechamento de 350 postos de trabalho diretos e o fim da produção de 18 mil toneladas por ano de tarugos (peças metálicas).
Segundo Ricardo Carneiro, a decisão da Novelis partiu de uma crise mundial do alumínio primário que vem ocorrendo desde 2008, com redução do preço em dólar do metal, inviabilizando a planta em vários países. De acordo com ele, em 2008, o Brasil produziu 1,6 milhão de tonelada de alumínio primário e este ano a estimativa é que essa produção seja de cerca de 950 mil toneladas. “O Brasil passou de exportador de alumínio primário para importador”, disse Ricardo Carneiro.
Por essas razões, o assessor da diretoria da Novelis justificou a decisão da empresa e afirmou que está à disposição para dar as respostas que a comunidade e autoridades precisam. Disse ainda que a Novelis fez um esforço ao longo dos últimos anos para manter suas operações e empregos na unidade de Ouro Preto. “Uma das ações foi a concentração da operação da fábrica na produção de tarugo, abandonando a produção de placas”, disse.
Ricardo Carneiro reconheceu ainda que a Novelis possui passivos ambientais, que estão sendo identificados, e que irá apresentar um plano de mediação, com cronogramas de execução e análise de risco dessas áreas. Também afirmou que a Novelis tem saúde financeira para manter seus encargos e obrigações, principalmente as relativas às medidas ambientais.
Em contraponto à posição da empresa, o diretor de Política Sindical do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de São Julião, Roberto Wagner Carvalho, disse que desde 2009 tem chamado a empresa para conversar e que, quando ela afirma que a decisão de fechamento da unidade é irreversível, mostra que realmente não está disposta a conversar. O sindicalista também questionou o fato de a Novelis explorar a região e depois ir embora, e convocou os trabalhadores a lutar para que a fábrica não feche. “Temos que cobrar a responsabilidade social dessa empresa”, afirmou Roberto.
Segundo ele, o trabalhador quer a continuidade da produção e está disposto a trabalhar. Roberto Carvalho afirmou ainda que a unidade de Ouro Preto é viável e obtém lucros. Nesse sentido, o autor do requerimento para o debate, Celinho do Sinttrocel (PCdoB), ponderou que a afirmação da empresa de que a decisão é irreversível é muito pesada e grave. Por isso, fez um apelo para que a Novelis se sensibilize a debater e negociar essa decisão.