A tecnologia utilizada é sustentável, de fácil manutenção e baixo custo
“A união faz a força”. Para comprovar esse antigo ditado popular, alguns moradores da Mata dos Palmitos se reuniram na última quarta-feira (01) para concluir a instalação da primeira fossa ecológica na localidade, que fica próxima ao distrito de Santa Rita. De acordo com o presidente da Associação de Moradores, Sebastião Ferreira Guimarães, a comunidade percebeu a necessidade de dar a destinação certa para o esgoto, com o objetivo de limpar as águas dos rios e consequentemente melhorar a qualidade de vida da população.
“Nós ficamos felizes em ver isso aqui acontecendo, a fossa já está praticamente pronta para o uso. É importante, pois esperamos que, a partir do momento que despoluir os rios e a água ficar limpa, nós aproveitaremos as cachoeiras que temos e ainda vamos conseguir atrair os turistas para a Mata dos Palmitos”, concluiu Sebastião.
O Tanque de Evapotranspiração
A fossa séptica instalada na comunidade é denominada Tanque de Evapotranspiração (Tvap). Segundo a coordenadora técnica regional da Emater de Belo Horizonte, Eugênia Mara Dias Gonçalves, “é uma tecnologia que utiliza o próprio meio ambiente como forma de resolver os impactos ambientais causados pelos seres humanos”. Em linhas gerais, todos os dejetos despejados na fossa são tratados por bactérias aeróbicas e anaeróbicas.
Pedras, areia, brita e pneus formam um canal onde os dejetos passam, e sobre a fossa é plantado um jardim com folhas largas e flores. O trabalho de limpeza é feito pelas raízes profundas. Quando o jardim entra em contato com o sol, a água interna da fossa é evaporada pelas plantas. A matéria inerte restante não causa nenhum problema, pois o tanque é revestido de ferro e cimento. Desta forma, nenhuma substância entra em contato com o solo e nem com o lençol freático.
Com a instalação da fossa ecológica, surgem alguns benefícios, como a diminuição das doenças hidricamente vinculadas e a melhor qualidade das águas. Além disso, o tanque de evapotranspiração é uma medida simples, de baixo custo e de fácil manutenção.
Os benefícios para a comunidade
A primeira fossa ecológica da Mata dos Palmitos foi instalada na casa da agricultora Maria do Carmo de Matos. A moradora reside na comunidade há 20 anos e recebeu seus vizinhos e alguns técnicos que ajudaram na finalização do tanque. “A instalação da fossa vai melhorar bastante, porque melhora o sistema de esgoto”. A fossa instalada na residência foi calculada para atender seis pessoas. Estima-se que cada morador irá utilizar dois metros cúbicos da fossa. Desta forma, o tanque instalado na residência tem o total de 12 metros cúbicos.
Para a extensionista de bem estar social da Emater de Ouro Preto, Geralda Berenice Esteves Lima, “a própria comunidade já está sentindo a necessidade de cuidar dos esgotamentos sanitários. É um lugar muito bonito e eles têm interesse de explorar a questão do turismo rural”. Segundo Berenice, foram realizados estudos em diversas residências da Mata dos Palmitos e a tecnologia irá atender 90% das casas. Todas as soluções são pautadas no desenvolvimento sustentável das famílias e consequentemente da comunidade.
De acordo com o diretor de agropecuária, José Domingos Ferreira, “a Prefeitura tem duas maneiras de contribuição: doar os materiais para a população ou fornecer o frete deles. Alguns dos mais caros são a brita e a areia. Além disso, podemos oferecer a máquina para perfurar o poço e doar os pneus adquiridos no ecoponto”.
Com a ajuda da Prefeitura, uma fossa de 12 metros cúbicos de volume, por exemplo, custaria cerca de R$ 800,00 reais. Sem este auxílio, a fossa custaria o dobro do preço.
Fotos: Passo a passo da criação da fossa ecológica na comunidade de Mata dos Palmitos. Divulgação ASCOM/PMOP - Ourovídeo