Guiadas pela alma e alinhadas por técnicas centenárias em prática em Minas Gerais, linhas e agulhas tecem desenhos criativos e trazem os bordados mineiros para uma exposição que ocorreu no sábado (23/04), na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.
O encontro que trouxe várias técnicas de bordados expostas em telas integra agenda da exposição Minas em Linhas Gerais e reúne apaixonados pela arte de entrelaçar linhas e cores representando 20 municípios mineiros, inclusive uma delas com a temática do sofrimento e da superação após o rompimento da Barragem B1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (2019), marcado pelas formas das mãos das bordadeiras em tecido e por elas bordadas.
Também do município atingido vem o trabalho "Bem-vindo a Brumadinho", onde as artistas exploram a disposição de vários bairros, casrões históricos, igrejas centenárias e ruínas tombadas formados pelo bordado ao longo do Vale do Rio Paraopeba.
Sob o contorno da pedra menina da cadeia do Pico do Itacolomi, as linhas coloridas e pontos do trabalho "Ouro Preto Ponto a Ponto" formam o casario histórico colonial e as igrejas do barroco da antiga capital de Minas Gerais.
A exposição tem o tema "Dia de Bordar", encontro de pessoas que têm em comum o gosto pelo trabalho da agulha e da linha - sejam elas profissionais, iniciantes, curiosas, apaixonadas e até mesmo quem nunca bordou na vida e quer começar. "O objetivo é compartilhar experiências, criações e inspirações", informa o evento.
A Feirinha de Bordados no Centro de Arte Popular (próximo à Praça da Liberdade), na Rua Gonçalves Dias, 1608, já no domingo (24/04) abriu a Exposição Minas em Linhas Gerais, na Praça da Liberdade, todos eventos foram com entrada franca.
Além de trocar ideias entre si, os participantes poderão deixar a criatividade correr solta ao lado de representantes dos grupos de bordado que integram a exposição. Quem não tiver a sua linha e agulha não precisa se preocupar: há kits de bordado disponíveis.
A professora e pesquisadora da história do bordado Maria do Carmo Guimarães Pereira, de 78 anos, é de um dos grupos participantes e quer divulgar o Memorial do Bordado. "O bordado é uma arte e um saber fazer que é universal. Precisa de iniciativas assim para encantar as pessoas e assim se manter preservado. O bordado das Minas Gerais tem uma riqueza importantíssima como patrimônio do estado", considera.
O "Dia de Bordar" faz parte da exposição Minas em Linhas Gerais que apresenta ao visitante a arte do bordado feita em barracas de camping. O bordado é um ofício tradicional que passa de geração em geração e é uma referência da cultura mineira. Durante a pandemia, 20 grupos de diversas regiões de Minas Gerais se uniram para bordar e construir histórias aqui representadas pelas cidades de Belo Horizonte, Brumadinho, Carvalhos, Serro, Ouro Preto, Itamarandiba, Mariana, Barra Longa, Conselheiro Lafaiete, Ipatinga, Santana do Riacho, Pedralva, Ipoema, Pirapora e Timóteo.
“É na forma de um acampamento que se revela a delicadeza, a diversidade e a força dos bordados mineiros, expostos nas próprias barracas montadas. Uma exposição que se dobra e se leva nas costas para qualquer lugar, com o mesmo espírito aventureiro e com a coragem de quem abraça o artesanato como meio de criação, profissão e vida. Agora, chegou a hora de mostrar essa arte ao público. E esse acampamento não poderia ter um lugar mais emblemático: a Praça da Liberdade”, compartilha Renato Imbroisi, curador da exposição.
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