O Dia Internacional da Síndrome de Asperger, comemorado nesta sexta-feira (18/02), é um alerta para a sociedade sobre o transtorno ligado ao neurodesenvolvimento. Além de disseminar informações e chamar a atenção das pessoas, a data é também uma oportunidade para reforçar a importância do diagnóstico e tratamento precoces, que podem reduzir consideravelmente as dificuldades que a pessoa com o transtorno venha a enfrentar ao longo da vida.
A síndrome de Asperger está dentro do universo do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), que é caracterizado por prejuízos na comunicação, na interação social e no comportamento.
No caso das pessoas com Asperger, o nível do espectro é considerado leve e, em geral, elas não apresentam atrasos na linguagem, nem no desenvolvimento cognitivo ou na adaptação funcional. Por outro lado, há dificuldades no relacionamento e interação com outras pessoas e na compreensão de sentimentos, emoções e conteúdos implícitos de comunicação, como ironias e gestos corporais. Interesses restritos e repetitivos também são característicos, assim como a necessidade de rotinas e impaciência/frustração perante mudanças.
Assistência
Em Minas Gerais, o tratamento é feito pelos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), assim como pelos profissionais da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD), por meio do Programa de Intervenção Precoce Avançado.
Para a psicóloga e especialista em políticas e gestão da saúde, Cristina Guzmán Siácara, da RCPD da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), é muito importante a detecção precoce de problemas relacionados ao neurodesenvolvimento. “Quanto antes a criança possuir assistência à saúde, apoio educacional e social, menor serão os prejuízos a longo prazo e na vida adulta, considerando a neuroplasticidade cerebral”, afirma.
Diagnóstico e tratamento
Segundo Cristina, estudos recentes feitos nos EUA indicam que uma em cada 54 crianças preenchem os critérios para o diagnóstico de TEA. A prevalência também é maior em indivíduos do sexo masculino, sendo de quatro meninos para cada menina.
“O diagnóstico é clínico e deve ser realizado por equipe multiprofissional capacitada. O tratamento engloba intervenções comportamentais, assim como o apoio emocional ao paciente e à família. Dependendo do quadro de cada pessoa, o tratamento pode envolver treino de habilidades comportamentais, regulação emocional, terapias complementares que trabalhem a psicomotricidade e terapia de integração sensorial, dentre outros”, explica a especialista da SES-MG.
A psicóloga destaca que não existe medicamento específico para a síndrome, e a prescrição irá depender dos sintomas apresentados e da necessidade clínica avaliada pela equipe multiprofissional. “Desde a primeira infância podem ser percebidos alguns sinais de alerta, como evitar contato visual ou não responder ao ser chamado pelo nome, fazendo-se necessário que haja uma intervenção em tempo oportuno, mesmo sem o diagnóstico estabelecido”, pontua Cristina.
Preconceito
Além das intervenções e tratamentos adequados, a falta de informação é outro aspecto que deve ser enfrentado para o tratamento eficaz de pessoas com síndrome de Asperger.
“É de grande importância que a sociedade elimine o preconceito, que muitas vezes é a maior barreira para a convivência digna e saudável que todos os indivíduos merecem. Através da informação e compreensão do que é o TEA em seus diversos espectros podemos colaborar para a diminuição do preconceito”, reforça.
“Apesar de muitas pessoas com síndrome de Asperger estarem mais adaptadas do que outras pessoas com TEA, o sofrimento dessas pessoas é único, já que muitas vezes não são compreendidas em seu jeito diferente de ser. A comunicação e a interação social são primordiais para uma qualidade de vida, para fazer laços e o viver em comunidade. Portanto, é fundamental que esses sinais sejam observados desde a infância, por meio da detecção e intervenção precoces em crianças que apresentem sinais de risco para o TEA", observa.
Dessa forma, completa a psicóloga, é dada a oportunidade de essas crianças desenvolverem habilidades fundamentais, adquirindo assim maior capacidade de aprender e compreender o mundo ao redor. "Quanto mais cedo o diagnóstico, melhores resultados serão alcançados no tratamento”, conclui Cristina.
Data oficial
O Dia Internacional da Síndrome de Asperger é comemorado desde o ano de 2007. A data de 18 de fevereiro faz referência ao aniversário de Hans Asperger, pediatra austríaco que deu nome à síndrome.
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