Trabalho também é feito fora dos laboratórios, a fim de evitar novos focos e surtos.
Com o objetivo de identificar precocemente e, até mesmo, evitar novos surtos de febre amarela, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) tem monitorado ativamente o andamento da doença em Minas Gerais.
Em conjunto com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-MG) executa o trabalho não só nas bancadas de pesquisa da fundação, como também in loco. Os profissionais são direcionados para analisar áreas endêmicas, em que a doença pode ocorrer com mais frequência.
A Funed é responsável pela vigilância laboratorial, tanto de casos humanos como de primatas. A instituição realiza exames em pessoas e em macacos que, ao serem infectados pelo vírus e ficarem doentes, indicam a ocorrência da febre amarela.
Em 2021, a fundação não identificou casos humanos positivos para febre amarela. A doença, entretanto, esteve presente em primatas.
Testes
Diferentes tipos de exames para detectar a doença são realizados nos laboratórios do Lacen-MG/Funed. No caso de humanos, é feita a pesquisa do vírus amarílico (RNA viral) por RT-PCR ou a pesquisa dos anticorpos IgM contra febre amarela (MAC-Elisa).
Já nos primatas encontrados mortos, o exame é feito nas vísceras (fígado, coração, pulmão, cérebro e rins), após necropsia. “Enquanto na Funed é feita a biologia molecular, a Fiocruz, do Rio de Janeiro, é responsável por realizar a imunohistoquímica e o exame anatomopatológico”, detalha a referência técnica do Laboratório de Arbovírus da Funed, Maira Pereira.
Na fundação são realizadas, ainda, a análise dos vetores (mosquitos) coletados em áreas com epizootias (ocorrência da doença), para investigar se estão contaminados com o vírus causador da febre amarela ou com outros arbovírus.
Tecnologias
Ana Lúcia Pedroso, referência técnica do Laboratório de Entomologia, explica que além da atuação na Funed, a equipe do Laboratório de Entomologia do Serviço de Doenças Parasitárias foi a campo neste ano, em dois períodos diferentes, tanto para a captura de mosquitos como para a coleta de vísceras das epizootias.
O trabalho foi realizado no município de Chapada Gaúcha da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Unaí e em municípios das SRSs de Montes Claros e Januária. Todos os registros das epizootias são lançados no Sistema de Informação em Saúde Silvestre (SISS-Geo), utilizado no estado. Existe ainda a participação da Coordenação Estadual de Vigilância das Arboviroses (Cevarb) da SES-MG e de servidores do Ministério da Saúde e das Superintendências Regionais de Saúde de Montes Claros, Januária e Varginha.
A partir dos dados coletados no local, a fundação realiza a vigilância laboratorial para avaliar a circulação do vírus em Minas Gerais, testando todas as amostras suspeitas de arbovírus que entram para pesquisa viral, seja para febre amarela, dengue, chikungunya ou zika.
A Funed é responsável, ainda, pelo sequenciamento genético das amostras de primatas detectáveis para febre amarela em biologia molecular. “Isso é muito importante para determinar as variações genéticas do vírus e para ajudar a traçar corredores ecológicos, que demonstram o caminho que o vírus está percorrendo no estado”, ressalta Maira Pereira. “Fazemos a checagem atenta das fichas epidemiológicas e, por meio de informações como sinais e sintomas de febre amarela, deslocamento do paciente para área com epizootias ou área endêmica para a doença, priorizamos as análises”, conta a referência técnica.
Troca
Ana Lúcia Pedroso explica que, diante das primeiras notificações de epizootias que ocorreram na Chapada Gaúcha da SRS de Unaí, foi criado um grupo de trabalho pela equipe de Entomologia da Funed, em conjunto com a Coordenação Estadual de Vigilância das Arboviroses (Cevarb), da SES-MG.
“Assim, tanto os profissionais que estão em campo quanto os que realizam o diagnóstico na Funed podem trocar informações e sinalizar eventos em tempo real, além de oferecer orientações para coleta e armazenamento adequado das amostras dos primatas encontrados mortos e dos mosquitos”, detalha.
O desdobramento desse trabalho inclui, ainda, reuniões com as secretarias municipais de saúde para sensibilização da população quanto à imunização e para reforçar a importância da participação da comunidade para informar sobre o aparecimento de macacos ou micos doentes ou mortos.
Foto: Divulgação