Catas Altas teria celebrado neste final de semana a vigésima edição da Festa.
Apesar de estar praticamente toda organizada, a tradicional Festa não pôde ser realizada por conta da pandemia do novo Coronavírus. O decreto nº 43/2020 cancelou todos os eventos no município e outras medidas foram (e ainda estão sendo) tomadas para evitar que o vírus se espalhe. Um dos acontecimentos mais importantes do município, a Festa contribui para o fortalecimento do patrimônio cultural, destacando e preservando o modo de fazer do vinho e a gastronomia local.
Isso porque Catas Altas é uma cidade que tem na produção do vinho de uva e do fermentado de jabuticaba uma tradição, passada de geração em geração pelas famílias catas-altenses. Inclusive, as bebidas fazem parte da lista dos bens imateriais do município. O evento cultural anual une gastronomia e música popular. Além disso, gera emprego e renda para a população, movimentando a economia e o turismo histórico, cultural e de eventos.
História
A Festa do Vinho foi realizada pela primeira vez em 2001. Naquele ano, os agricultores familiares do município se juntaram na Associação dos Produtores de Vinho, Agricultores Familiares e Outros Produtos Artesanais de Catas Altas (Aprovart) com o intuito de perpetuar o modo de fazer artesanal das bebidas, fortalecendo a transmissão desse saber familiar.
Desde então, o evento é realizado anualmente pela Prefeitura em parceria com a Aprovart, enaltecendo a produção do vinho e do fermentado de jabuticaba, conhecidos nacionalmente por sua qualidade, e homenageando uma tradição que vem passando de geração em geração.
A Festa do Vinho é a identidade cultural da cidade de Catas Altas
A identidade cultural de um povo consolida-se pelas suas manifestações populares, festejos e saberes. Catas Altas, cidade histórica mineira, preserva seus casarios, ruínas, arquiteturas seculares e várias tradições que fazem parte da história e de sua cultura. A produção do vinho de jabuticaba no município é um destes saberes e remonta ao século XIX.
Em torno de 1868, Monsenhor Manuel Pereira Mendes de Vasconcelos buscava a diversificação econômica e consequente autossutentabilidade local em substituição às atividades mineradoras, que haviam se exaurido e deixado a então Freguesia de Catas Altas entregue à ruína. Vislumbrando na bebida uma nova opção de subsistência, Monsenhor Mendes ensinou à comunidade o cultivo da uva e a produção artesanal do vinho, cuja qualidade é comparada ao Vinho do Porto e Xerez.
Técnicas semelhantes à produção do vinho de uva foram desenvolvidas para o uso da jabuticaba, produto abundante na região. Séculos depois, nasce a primeira Festa do Vinho de Catas Altas, que desde 2001, vem se consolidando como evento preservador de saberes deste importante patrimônio imaterial e cujo resguardo de conhecimentos passa de geração a geração, congregando as famílias nativas e as de forasteiros.
Foto: Divulgação / Arquivo