Na próxima semana, completam-se quatro anos do maior desastre ambiental brasileiro, quando os olhos do mundo se voltaram para a tricentenária cidade mineira de Mariana. Em 5 de novembro de 2015, acontecia o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco. Além do impacto ambiental, que atingiu o rio Doce e diversos municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo, dois distritos marianenses, Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, foram praticamente levados pela lama de rejeitos. Dezoito mortos e uma pessoa ainda é considerada desaparecida.
O artista ouro-pretano Roberto Sussuca conhecia a região e conta que visitou as regiões atingidas. Suas impressões e lembranças das áreas devastadas e dos resquícios de uma vida nos locais os levaram a criar a instalação LAMA. Na mostra, composta por aproximadamente 50 obras, ele aborda o tema de maneira impactante, ressaltando os resultados da interação entre a atividade minerária e a vida humana no seu entorno.
Enquanto ainda estava no processo de criação das primeiras obras, ocorreu um novo rompimento de barragem, agora a do Feijão, da empresa Vale, em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019. Sussuca conta que ficou ainda mais sensibilizado com o tema e que isso se refletiu em suas obras. Ele ressalta que não é contra mineração, mas alerta que é preciso refletir sobre como fazer a exploração de modo mais sustentável, investindo em tecnologia, a fim de preservar e/ou recuperar o meio ambiente e, principalmente, proteger a vida dos trabalhadores e moradores da região.
Assim, entre pinturas, esculturas e objetos, as peças da instalação LAMA retratam a mineração, o cotidiano das comunidades atingidas e as cenas após a destruição. Mais de 5 mil pessoas já passaram pela exposição. A comoção fica estampada nos rostos do público, fortemente impactado com as obras que representam desde as minas, os elementos rotineiros (passando pela religiosidade, música, futebol, lazer), o trabalhador até a morte da natureza, por exemplo.
A instalação está exposta na Casa dos Contos, tradicional espaço cultural de Ouro Preto (MG). Com entrada gratuita, a visitação segue até 10 de novembro: segunda, de 14 às 18h; e de terça a domingo e feriados, de 10h às 18h.
O artista
Roberto Sussuca é ouro-pretano e considerado um artista experimentalista. Desde a juventude dedica sua vida à arte, expressa por meio de desenhos, pinturas, gravuras e esculturas. Foi um dos primeiros artistas a fazer instalações em Minas Gerais, nos anos de 1970 e 1980.